Onze semanas na terra do Robin Hood

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Ao fim de quase dois meses recebi o meu primeiro paycheck!!!


Vou finalmente poder viver do meu próprio dinheiro e começar a dar uso ao cartão de débito inglês (adeus taxas para levantar dinheiro!), como também significa uma coisa:


E assim o fiz! Assim que saí do trabalho dei um pulinho ao centro da cidade:


E como se não bastasse hoje foi embora a Preeti, a última das minhas colegas de casa e deixou-me IMENSA coisa. Tenho um dos congeladores cheio de comida que só caduca em 2016, café Costa, cappucinos em pacote e sei lá que mais. Acho que não preciso de ir às compras durante duas semanas. E ainda deixou outras coisas tipo uma torradeira, uma chaleira eléctrica!

Agora vou preparar a minha mochila de fim-de-semana que amanhã vou ter com o João Martins e a Ine a Manchester!

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

A partir de uma biblioteca em espiral

Com Agosto a chegar ao fim estou a começar a entrar em pânico com a tese/relatório de estágio, depois de não lhes pegar durante quase dois meses. Esta semana decidi voltar à carga e olhar a besta de frente. A ideia é voltar para Portugal com pelo menos uma das coisas praticamente terminada, para poder dedicar o mês de Outubro à outra. Por agora estou a pegar no relatório de estágio, porque está mais atrasado e não consigo estimar quanto tempo ainda tenho que lhe dedicar (spoiler alert: é de certeza mais tempo do que o que eu acho).

Como resolução para conseguir voltar a trabalhar nas coisas da faculdade, e considerando que em casa só me apetece vestir o pijama e ver séries na cama, decidi explorar sítios para trabalhar depois do trabalho. No Jubilee Campus, onde trabalho, existem duas bibliotecas: a Business Library e Djanogly Learning Resource Centre. Pelo que percebi no campus principal existem mais seis. Tenciono ficar pelas bibliotecas ao pé de casa.

Hoje saí do trabalho, fui buscar o meu portátil a casa e vim directamente para o Djanogly Learning Resource Centre. Já tinha visto este edifício de fora várias vezes e ficado impressionada. O edifício tem uma forma estranha (como vários outros edifícios deste campus) e fica em frente a um dos lagos. Por dentro consegue ser ainda mais estranho! Neste momento estou no topo do Djanogly e não subi escadas: a biblioteca é uma espiral. No centro estão os livros e junto das janelas as mesas de trabalho. Nunca tinha visto nada do género.

Tenho pena de não ter trazido a máquina fotográfica. Fiquem com umas fotografias sacadas do Google e umas fotos manhosas da minha vista neste momento tiradas com a webcam. Como é óbvio, pela qualidade não dá para perceber como deve ser, mas a vista é fantástica! É reminescente à biblioteca da Gulbenkian...mas melhor! E aqui também tenho direito a patos e galeirões!



O reflexo do ecrã do computador é só para dar aquele toque pessoal. 
Acho que eu e esta biblioteca ainda vamos ser muito amigas nas próximas semanas. A parte chata é que supostamente podia usar as duas bibliotecas do Jubilee Campus com o meu cartão mas parece que não me deram acesso a nenhuma. Vou enviar um e-mail ao gabinete de segurança que fica no outro campus mas o mais provável é ter que ir lá pessoalmente. Por hoje fiz um choradinho e o segurança deixou-me entrar.

Em relação a outras coisas, vamos por pontos que entretanto estou para aqui a "perder" tempo em vez de escrever o raio do relatório:

1. Segunda foi feriado. Não fiz nada para além de me arrastar de pijama pela casa e tentar avançar alguma coisa no relatório.

2. As minhas colegas de casa já foram todas embora. Neste momento só ficou a Preeti, que vai embora amanhã. Acho que vou mesmo ficar sozinha por um bocado porque o ano lectivo só começa dia 22 de Setembro e duvido que alguém venha para cá com tanta antecedência.

3. Não sei o que é que se passa com as aranhas em Nottingham. Nunca vi uma terra com tantas aranhas. Estão em todo o lado. Aliás, neste exacto momento olho para a janela da biblioteca e consigo ver pelo menos dez. Não me tinha incomodado muito, apesar de me ter intrigado bastante, mas ao que parece tenho montes de ovos na porta de entrada da minha residência...que fica mesmo ao lado da minha janela. Há uma semana que não abro a janela do quarto e acho que esta semana vou ao escritório da minha residência perguntar se podem fazer alguma coisa sobre isso porque no momento em que aqueles ovos todos eclodirem temo uma infestão de aranhas. Não quero nada uma infestação de aranhas.

4. Ontem fui até ao campus principal participar num estudo e ganhei 10 pounds. Confesso que fui menos pelo dinheiro e mais porque estava curiosa sobre como conduziam estudos presenciais na Faculdade de Psicologia da Universidade de Nottingham. Estava à espera de melhores condições do que na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Não estava à espera que a sala de computadores onde participei no estudo tivesse mais de dez iMac só para recolher dados no Qualtrics. Pois...

Uma selfie que acabei de tirar na biblioteca com os £10 que recebi ontem.
5. "Já" tenho 176 participantes no meu estudo. Parece que afinal a Caroline está a apontar para os 1000. E eu que já achava os 800 megalómanos. Conclusão: os meus próximos dias vão ser continuar a enviar e-mails que nem uma maníaca. O ponto positivo é que tenho recebido muitas respostas automáticas de "Out of Office" porque as pessoas estão de férias mas parece que começam a voltar ao trabalho entre amanhã e o fim da próxima semana. Se tudo correr bem a amostra vai aumentar muito mais rápido! Acho que nunca na minha vida estive tão desejosa de chegar à análise estatística.

6. Hoje tivemos uma reunião do C-Tech, para falar sobre o "rescaldo" do Advisory Panel e o que andava a ser feito entretanto. Como nem todos conseguiram estar presentes fizemos teleconferência a usar um conference phone. Não sabia que havia pessoas que ainda usavam outra coisa que não fosse o Skype, Hangout e coisas do género; achei imensa piada. No final da reunião eu, a Caroline a Alexa falámos um bocado do estudo que estou a decorrer e a Alexa perguntou-me quando acabava o meu estágio e o que estava a pensar fazer a seguir. Não sei se fui eu que entendi mal (a conversa não estava a ser muito directa) mas tenho quase a certeza que a Alexa sugeriu ser a minha orientadora de doutoramento. Começou a falar dos programas de doutoramento na Horizon/Faculdade de Psicologia de Nottingham e depois disse algo nas linhas de "if you are interested I am currently looking for PhD students to explore some ideas that I have about (...)" e depois começou a explicar duas linhas de investigação que gostava de seguir. O estranho foi que não me perguntou directamente se estaria interessada, simplesmente ficou a falar sobre o programa de doutoramento, das bolsas que existem aqui e dos doutorandos que já orientou. Fazer o doutoramento aqui deve ser espectacular, por todas as condições que oferece, pelo modo como está organizado, pelo tipo de investigação que fazem e tudo mais. Sem dúvida que em Portugal o doutoramento não oferece nem metade das condições e oportunidades que oferecem muitos dos programas de doutoramento no estrangeiro, mas neste momento não me imagino mesmo nada a fazer um doutoramento numa universidade estrangeira em que tenha que estar baseada noutro país (o doutoramento aqui inclui um estágio full-time e não permite trabalhar a partir de outro país). Ainda nem sequer estou convencida se quero fazer doutoramento, de todo, mas a grande parte das pessoas com quem falo na área acabam por perguntar se vou fazer doutoramento (por mais que uma vez as perguntas até foram mais directas do tipo "Onde vais fazer doutoramento?" ou "Já tens projecto de doutoramento?"). Resta saber se estas conversas surgem simplesmente porque é o curso comum, e acaba por ser uma realidade implícita na minha área que as pessoas não questionam, ou se o doutoramento é realmente uma mais valia no mercado de trabalho. É acabar o mestrado e depois logo pensar no que vem a seguir!

sábado, 23 de agosto de 2014

Esther's farewell and pub time!

Ontem foi o último dia de estágio da Esther, a primeira estagiária a ir embora!

Para nos despedirmos dela, fomos até a um pub chamado Ned Ludd depois do trabalho. Ao início eramos só cinco (a Esther nem sequer tinha vindo logo às 17h) mas acabou por ir lá ter grande parte das pessoas da Horizon, pelo menos para uma cerveja! Não foi nada fácil arranjar mesa para todos e as empregadas de mesa já se estavam a irritar um bocadinho connosco, com a confusão que estavamos a fazer com o arrastar de mesas e puxar de cadeiras, mas a coisa lá se deu!

Daqui para a frente vai um estagiário embora praticamente todas as semanas, até chegar a minha vez. Fui a última a chegar, por isso também vou ser a última a ir embora.



(A Esther é a rapariga com a camisola da Cambridge University)
Às 19h o Ross foi ter ao pub, para irmos para outro pub que o patrão dele lhe tinha falado. Ainda ficámos mais um bocasdo no Ned Ludd, a conviver com os meus colegas e depois fomos em busca do tal pub. O Jia e a Jasmin vieram também!

O pub para onde fomos chama-se Pitcher & Piano e é...uma igreja! Já tinha passado por esta igreja duas ou três vezes e nunca tinha percebido que era um pub! Acho que foi bar mais incrível onde estive até hoje! A igreja está completamente renovada e os vitrais estão impecáveis! Espalhados pelo bar estão alguns pianos pintados a servir de mesas.




Como eramos uma mesa de um chinês, um americano, uma alemã e uma portuguesa a conversa acabou por obviamente recair para política e economia. Diverti-me imenso! Devo estar mesmo a ficar velha mas tenho preferido mil vezes ir para um bar calmo conversar do que ir a uma discoteca.

Por volta das 21h30, quando nos estávamos a levantar para ir para casa apareceu o Vega, outro estagiário. O Vega tinha ficado pelo Ned Ludd mais um bocado mas como sabia para onde íamos veio ter connosco. Como ele tinha acabado de chegar, quisemos ficar na conversa ainda mais um bocado. O Jia entretanto foi embora e eu, a Jasmin, o Vega e o Ross fomos à procura de outro bar.

Como entretanto já tinha escurecido, os seguranças dos bares começaram a pedir identificação...que eu não tinha. Evito andar o passaporte porque tenho medo de o perder (relembrando a Bélgica) e há quem ache que eu tenho menos de 18 anos. Triste. Fomos barrados em dois bares até que encontramos outro pub bastante porreiro perto do castelo.


Antes da meia noite estava em casa, porque sair no UK é assim. Começar às 17h e acabar às 23h!

(Agora vou até ao centro da cidade à Primark comprar roupa de outono/inverno porque estou a começar a passar um bocado mal.)

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

109 out of 800 - Um post aborrecido porque a Cata pediu

A minha irmã Catarina refilou que eu andava a escrever pouco no blog, que é a leitura dela para quando o Gonçalo acorda de madrugada. Disse-lhe que as únicas coisas que tinha para contar tinham a ver com o trabalho e que como isso era aborrecido para quem lê não as escrevia. Ela exigiu mais publicações na mesma, mesmo que sejam sobre questionários, emails e papelada. Por isso aqui estou eu!

Na terça-feira o questionário para o estudo do meu projecto ficou (FINALMENTE) pronto a ser divulgado. Ainda assim, a Caroline disse para eu enviar primeiro a toda a gente da Horizon, como teste piloto, para ver se estava tudo bem. Apesar de não haver problema nenhum com o questionário, ainda bem que o fizemos, porque achavamos que o questionário demorava no máximo 20 minutos a completar (eu tinha demorado 10 e a Caroline 15) mas afinal houve gente na Horizon a demorar 40 minutos! Acabámos por fazer umas pequenas modificações para algumas perguntas passarem a ser in between subjects (por exemplo em vez de duas pessoas terem de responder a dois blocos de questões, passam só a ter que responder a um cada uma) o que reduziu um bocadinho o tamanho.

Ontem e hoje passei o dia inteiro a enviar e-mails para recrutar voluntários. Basicamente fiz uma spreadsheet no Excel com centenas de contactos (que já tinha passado dias e dias a googlar). Para cada departamento/faculdade/grupo de investigação/escritório/etc de cada Universidade (até agora todas as Universidades em East Midlands e Manchester) tenho o contacto de uma pessoa a quem pedir para reencaminhar o nosso "anúncio" a todo o staff. A parte que dá mais trabalho é que não basta pegar no e-mail que tenho escrito e reencaminhar para todos os contactos. Tenho que personalizar cada e-mail que envio com o nome da pessoa a quem me estou a dirigir e o nome do departamento/faculdade/grupo de investigação/escritório/etc. Parecendo que não isto ainda é coisa para demorar quando queremos enviar centenas de emails. Ontem e hoje já contactei 200 pessoas e enviei mais de 300 e-mails, contando com os e-mails a agradecer, responder a esclarecimentos e tudo isso. Ainda vou passar pelo menos mais três dias de trabalho nisto, a tentar recolher participantes suficientes.

Até agora tenho 109 respostas! Por um lado é óptimo, já é uma amostra considerável, especialmente tendo em conta que recolhi estas respostas em dois dias. Por outro lado, é pouqíssimo tendo em conta a quantidade de pessoas a quem já foi reencaminhado o meu "anúncio". Ainda assim, estavamos à espera que só 5 a 8% das pessoas respondessem ao questionário por isso estou num bom caminho!

Daqui aos 800 participantes é um pulinho!



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O dia mais nerd da minha vida (que me levou a escrever praticamente uma biografia)

Pensando duas vezes o título talvez não seja verdade, considerando que já fiz cosplay, já joguei Dungeons & Dragons (o que envolveu uma semana de leitura de vários Rulebooks para criar a minha personagem), já fui a uma Friday Night Magic e derivados.

Independentemente do grau de nerdice daquilo que tenho hoje para contar, o meu nerd-self acabou de chegar a casa e está absolutamente delirante!

Hoje fui ao evento de lançamento do "Seconds" com direito a sessão de autográfos do Brian Lee O'Malley na Page 45, uma loja de comics (mas sobretudo graphic novels) em Nottingham!

Já sabia deste evento desde antes de vir para Nottingham. Não me lembro bem como mas andava a contar os dias. Para quem não sabe, o Brian Lee O'Malley é o criador de Lost at Sea e do Scott Pilgrim (que talvez conheçam melhor pelo filme de Scott Pilgrim vs. the World).

Lembro-me perfeitamente de, há 8 anos atrás (irra, que estou velha) ir com o meu pai à feira do livro e perguntar ao senhor na banca da Devir: "Eu gosto muito de banda desenhada, mas não conheço muita coisa. Pode-me sugerir alguma coisa?". Naquela altura o meu mundo de banda desenhada era um bocadinho limitado.

Literalmente desde o dia em que aprendi a ler que leio banda desenhada da Disney. Tive uma infância completamente obcecada por banda desenhada da Disney e a papelaria da minha mãe ajudava à festa. Tinha todas as edições que saiam e houve ali uma altura em que a nossa casa estava impestada de Disney por todo o lado. Foram-se estragando alguns (a maioria porque os deixava na casa-se-banho, em cima do bidé, e depois levavam com água em cima) e deitando fora outros (sem eu saber, claro), mas ainda tenho caixas e caixas de Disney no escritório da casa dos meus pais, à espera do dia em que tenha uma casa com mais de 20m2 para os tirar de lá! Lembro-me de passar a vida a contar e a organizar as edições, e ficar histérica no dia em que passei dos 300 livros. A obsessão acabou por extender-se aos livros da Turma da Mónica e tudo o que lhe estava associado.

Também lia tudo o que apanhava por casa: os Asterix, os Tintin, a Fantomette, o Yakari e os Smurfs (dos últimos três só tínhamos dois livros mas li-os até a capa saltar). Pelo caminho recebi (ou talvez tenha sido uma das minhas irmãs) a colecção Toda a Mafalda, que li (lemos) n-ésimas vezes.

Entretanto um dia os meus pais fizeram-nos a colecção que estava a sair com dos Clássicos de Banda Desenhada. Li-os todos: Homem-Aranha, X-Men, Corto Maltese...incluindo que claramente não eram para os meus 13 anos como Prado, Moebius e até Milo Manara! Fiquei fascinada com a diversidade do mundo da banda desenhada. Infelizmente, não tinha muito conhecimento sobre o que "havia lá fora" e a internet ainda estava na era pré-Wikipedia (e pré-Google)

Voltando à banca da Devir, na Feira do Livro, há oito anos atrás, o senhor indicou-me dois livros: o Chicken with Plums da Marjane Satrapi (que tinha acabado de sair) e o primeiro volume do Scott Pilgrim (que ia ainda no terceiro). Voltei para casa com os dois e devoreio-os num dia.

Entretanto comprei os outros dois volumes que havia de Scott Pilgrim e continuei a comprar os restantes, à medida que foram saindo. Quando saiu o último volume já eu tinha 19 anos. Não vou fazer o discurso do "Scott Pilgrim mudou a minha vida!", mas é certo que é responsável por me ter aberto os olhos a todo um mundo de comics que eu não conhecia.

Por alguma razão, não explorei muito o mundo da banda desenhada nos anos que se seguiram. Nunca larguei a Disney, mas nos meus anos de faculdade (pareço uma idosa a falar, eu sei) continuei mais na onda dos Manga que também já lia desde os 13. Pelo caminho ainda li Blankets, que continua a ser uma das melhores coisas que li na minha vida.

Recentemente - diria nos últimos dois anos - eu e o João decidimos explorar mais a fundo o mundo da banda desenhada. O João que desde miúdo idolatera o Batman e o Wolverine sempre tinha querido ler comics da Marvel e DC mas nunca tinha começado pela razão que impede muita gente: "Por onde começar?". Um dia, na China, decidiu começar por algum lado e desde então não parou. Não o acompanhei pelos X-Men, que já leu centenas de fascículos, mas aproveitei a deixa para também recomeçar a descobrir e experimentar bandas desenhadas que nunca tinha ouvido falar, ou outras que sempre tinha querido ler.

Fastforward para o dia de hoje. Saio do trabalho directa para a Page 45. Chego lá uma hora depois de ter começado a sessão de autógrafos e deparo-me com uma fila gigante, que chega até ao final da rua.


Aguardo estoicamente. Entretanto vem uma das raparigas que trabalha na loja perguntar se tenho alguma coisa reservada ou se quero ver ou comprar alguma coisa. Digo-lhe que já tenho o Seconds pago e reservado e que queria o primeiro volume The New 52 Batman: Vol. 1 The Court of Owls e Low #1. Como não tenho dinheiro suficiente na carteira ela leva-me até ao interior da loja para pagar com o multibanco. Consegui portanto ver o Brian Lee O'Malley antes de chegar a minha vez (juro que não foi tudo um esquema)! Low está esgotadíssimo em todo o país por isso a rapariga leva-me de novo para o meu lugar na fila, com o Batman e...o Seconds!


Comecei logo a ler na fila. Aguardo estoicamente mais uma hora e meia leio quase 100 páginas. É tudo o que eu queria e muito mais! Com o avançar das horas foi ficando frio. Bolas, que tem estado frio nesta terra. Confesso que nos últimos dias já me passou pela cabeça mais do que uma vez comprar um par de luvas e só ainda não o fiz pelo ridículo que seria usar luvas em Agosto.

Finalmente chegou a minha vez e o facto de ser praticamente uma das últimas pessoas da fila acaba por ser óptimo porque ainda faltavam 20 minutos para o fim da sessão de autógrafos mas já só havia meia dúzia de pessoas na fila. Reparei que o Brian Lee O'Malley estava a fazer uns sketches nos autógrafos das pessoas à minha frente por isso quando chegou a minha vez perguntei-lhe se me podia desenhar um gato voador! E assim o fez!


Não tenho praticamente nada autografado porque raras são as ocasiões em que me dou ao trabalho. As coisas autografadas que tenho na vida são a série quase toda da série de livros da Teodora (porque a autora é amiga do meu tio), o livro da Sasha Grey e agora isto. Todo um leque de coisas muito parecidas.

Sempre tinha imaginado o O'Malley na minha cabeça como um tipo super chill, talvez derivado dos personagens dos comics. É mesmo! Deu para falar um bocado com ele e nem tive aquela sensação de estar a ser super fangirl com um famoso qualquer. Um porreiro!

Ilustração en pointe do momento.


Quando já me estava a vir embora vi exposto The Wicked + The Divine #1 que nunca tinha sequer ouvido falar, mas o artwork chamou-me a atenção e era uma edição limitada com uma variant cover pelo Brian Lee O'Malley. Não resisti em comprar - culpo o meu estado de histeria interna absoluta - e o tipo da caixa ainda passou o comic ao O'Malley para ele autografar também.

Saí daquela loja num estado de felicidade absoluta. Estava bastante ansiosa para este evento mas não estava à espera de me ter deixado tão feliz quando deixou. Fui até casa com um sorriso de orelha a orelha, feita uma parvinha.

Agora que escrevo este post, de calças de pijama do Batman e t-shirt da Lying Cat de Saga é que percebo o porquê. Não foi pelo livro ou pelo Brian Lee O'Malley per se, mas pelo facto de ter estado ao lado da pessoa que me ajudou a perceber que o mundo dos comics era muito mais do que aquilo que tinha lido até então, e que me levou a continuar a explorar, até hoje.

Agora vou ali aninhar-me na caminha, a devorar o resto de Seconds.



Nota 1: The Wicked + The Divine é brutal. A Sahkmet é a Rhianna.

Nota 2: Hoje também houve uma sessão de autógrafos do George RR Martin em Londres. Estaria a mentir se não disesse que por alguns breves momentos considerei arranjar maneira de me baldar ao trabalho à tarde, apanhar um comboio para Londres, estar horas numa fila, ver o GRRM e apanhara o comboio de volta para Nottingham, a tempo de ir trabalhar amanhã.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Semana de trabalho

Finalmente recebemos a aprovação para a comissão de ética! Esta semana tenho andado a fazer - novamente - algumas alterações no questionário. A ideia agora é enviar e-mails para várias organizações/departamentos/escritórios/empresas a pedir que distribuam o questionário. Precisamos de uma amostra de no mínimo 800 pessoas (ainda estou para ver) e estamo-nos a focar principalmente em Universidades de East Midlands e para cada departamento/centro de investigação/serviço de cada faculdade tenho que procurar um contacto de alguém do staff que possa possivelmente distribuir o questionário pelo resto da equipa.

Parece um trabalho aborrecido mas na verdade tem-me entretido e é óptimo para intercalar com o artigo. Até agora já recolhi mais de 300 contactos que tenho numa base de dados. A Caroline não vai à Horizon desde terça e só volta amanhã mas em principio até ao final da semana conseguimos, finalmente, enviar o questionário! Entretanto vou-me embora daqui a pouco mais de um mês por isso é possível que não acompanhe o estudo até ao final. Fico com pena se não estiver cá para ver o "final da história" mas, infelizmente, tenho uma tese à minha espera em Portugal!


Tenho saído um pouco mais tarde do trabalho e, com o tempo que está e com tudo a fechar às 17h, não tenho feito grande coisa além do básico. Não há muito para contar!

Cá em casa já somos quatro! Chegaram mais duas raparigas - com nomes impronunciáveis que nem vou tentar escrever - amigas da Preeti, que também já cá moravam antes. Parece que também vieram fazer exames e para a semana vão-se todas embora. Não sei bem se fico com a casa só para mim ou se vem mais gente. Não falta muito para começar o ano lectivo por isso é capaz de aparecer algum early bird!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Outro post com fotografias de veados.

A última semana de trabalho custou a passar. Com a história da alergia senti que chegou segunda-feira e estava mais cansada do que na sexta anterior. Ainda por cima a máquina de café esteve avariada a semana inteira e só a foram arranjar na sexta-feira. Custou-me a acordar todos os dias e no trabalho só me apetecia pôr a cabeça na mesa e dormir uma sesta. A Caroline já me tinha dito que estava à vontade para fazer umas power naps nos dias em que tenho de ler artigos das 9 às 5 - ela própria volta e meia desaparece para fazer uma sesta - mas não me sinto confortável em fazer sestas no trabalho!
Além disso, choveu todos os dias da semana passada. Resumindo, não fiz grande coisa fora do trabalho durante a semana.

Passei a semana inteira a ler artigos e a começar a escrever o artigo do estudo do meu projecto. A Caroline disse-me um dia casualmente: "Enquanto esperamos a resposta da comissão de ética começa a escrever a introdução e o método para o paper para o Journal of Environmental Psychology". Fiz a maior poker face que consegui, como se escrevesse artigos para o Journal of Environmental Psychology todos os dias ao pequeno-almoço. Era genial conseguirmos publicar e o meu nome até podia vir em quarto lugar que eu já me dava por mais do que satisfeita! Confesso que senti a pressão, de me ser dada a responsabilidade de escrever pelo menos o esboço do artigo. Andei ali dois dias com um bloqueio enorme, sem conseguir escrever mais do que uma página. A revisão de literatura não é muito fácil, especialmente porque é muito inconsistente. Veremos como corre!

Entretanto na sexta-feira entreguei o meu primeiro payroll! Devo receber o meu primeiro ordenado até dia 14, segundo percebi. Dia de São Receber!

Segunda-feira chegou uma das colegas de casa que ainda não tinha conhecido. A Chloe entretanto já se mudou para outro apartamento. A rapariga que está cá desde segunda chama-se Preeti e é inglesa. Esteve de férias e voltou agora porque tem exames de época especial para fazer. Quase nunca nos vemos porque quando eu saio para ir trabalhar ela ainda está a dormir e quando chego ela não está cá. Pelo pouco que já falei com ela é muito simpática e deixa-me mais à vontade do que a Chloe. 

Quando chegou sexta-feira, fui ao Lidl comprar comida para o fim-de-semana e estava na fila um americano completamente atrapalhado com as notas e moedas e a lógica de termos que pôr os sacos plásticos que queremos pagar em cima do tapete rolante. Ajudei-o e ele apresentou-se a dizer que não percebia nada de nada porque tinha chegado dos EUA há dois dias. Disse-lhe que também não era de cá e não tinha chegado há muito tempo. Ficámos a falar um bocado porque ele tem um amigo português que estudo com ele nos EUA. Ao fim de uns bons minutos de conversa à porta do Lidl combinámos ir até ao centro da cidade para eu lhe explicar que autocarros é que ele podia apanhar, onde é que podia comprar um telemóvel e essas coisas todas que eu tive que perceber sozinha nos primeiros dias. 

O americano chama-se Ross e está vai cá estar 4 meses a ajudar na investigação no departamento de Engenharia Civil, no campus principal. Está agora a acabar o mestrado em Transportes na América e o orientador dele arranjou-lhe a oportunidade para vir para Nottingham recolher dados para a tese e ajudar noutros estudos. Demo-nos logo muito bem e deixou-me bastante feliz encontrar alguém na mesma situação que eu e com quem falei de coisas que não fossem sobre trabalho e investigação. Apesar de já ter conhecido muita gente desde que cá estou, praticamente toda a gente que conheço (incluindo quase todos os estagiários) já viviam/estudavam em Nottingham ou pelo menos noutra cidade do Reino Unido. Ainda não tinha falado com ninguém que tivesse caído de pára-quedas aqui como eu, sem conhecer ninguém.

No dia a seguir o Ross perguntou-me se queria ir ser turista e ir ao castelo e ao parque dos veados. Como já tinha ido ao castelo e não fiquei nada impressionada com o que vi combinei ir só ao parque dos veados...porque é um parque com veados. Por sorte o céu abriu a meio da tarde! Soube mesmo muito bem porque até agora sempre que passeei em Nottingham fi-lo sozinha, sem ser quando o João aqui esteve. Não tenho grandes problemas com isso. Aliás, na maior parte das vezes até gosto muito mais de passear sozinha mas às vezes também faz falta companhia! Desta vez fui melhor preparada e levei a máquina fotográfica! 

O Ross também tinha por acaso uns frutos secos na mochila e conseguimos dar comida aos esquilos! São bastante mais desconfiados que os esquilos em Londres e foi preciso alguma paciência para acabámos por conseguir que viessem comer à nossa mão. Não consegui foi uma única fotografia decente dos esquilos! Quero lá voltar com mais frutos secos e mais paciência e tentar de novo. Também conseguimos dar uma maçã aos veados! Que é como quem diz, atirámos uma maçã e um veado apanhou.

E como são as únicas fotos que tenho, tomem lá mais fotos de veados...desta vez com zoom!



Andava uma pega a saltitar de veado em veado a catar os parasitas!

As hastes de alguns veados - os maiores - já começaram a "descascar"



Avistámos uns "bambis" ao longe mas estavam protegidos por uma cerca e não podíamos avançar. Esta foi a melhor foto que consegui à distância




Está desfocada mas consegui apanhar o exacto segundo em que o esquilo apanhou a avelã!

A única foto semi-focada que consegui dos esquilos.
(Eu até dizia que este era o último post com fotografias de veados mas considerando que o Wollaton Hall e Deer Park é oficialmente o meu sítio preferido em Nottingham é melhor não mentir.)